domingo, 18 de abril de 2010

Vejam que choque de ordem interessante do Eduardo Paes

PREFEITURA DO RIO PAGA R$ 55 MILHÕES A CAMELÔ.



RIO - Cachorro-quente e vigilância patrimonial são, em tese, atividades empresariais distintas. Nos contratos da prefeitura do Rio, porém, salsichas e segurança têm algo em comum. Morador de Cataguases, em Minas Gerais, um vendedor ambulante de cachorro-quente é sócio da Qualidade Total Operadora de Recursos Humanos, que já faturou desde 2005 cerca de R$ 55 milhões em contratos com o município do Rio sem vender um só sanduíche ou suco de laranja. A empresa, na verdade, presta serviço de vigilância para unidades hospitalares do Rio. Outro sócio apresentou como endereço residencial uma casa numa comunidade de baixa renda da cidade mineira. Seus supostos vizinhos nunca o viram.

Durante uma semana, O GLOBO tentou localizar os sócios e a sede da Qualidade Total. Apesar dos ganhos com os contratos, não é possível saber onde fica a empresa. Pelos dados da Receita Federal, a Qualidade Total deveria funcionar num imóvel em Paracambi, mas no local, existem apenas imóveis residenciais, além de uma vidraçaria e uma serralheria. Ninguém ouviu falar do negócio:

- Já vieram fiscais, oficiais de Justiça e até pessoas que se dizem funcionários da empresa. Como não conheço ninguém da Qualidade Total, devolvo as correspondências. Moro no bairro desde criança e, com certeza, aqui ela nunca funcionou - contou Jaciele Nogueira, proprietária da serralheria Giba, instalada no local há três anos.

'Empresário' vendeu sanduíches até 2006

Se a prefeitura tentasse saber onde mora o vendedor de cachorro quente Hélio Teixeira Amâncio, um dos sócios da empresa, também teria dificuldades. Um levantamento feito na Coordenadoria de Tributos de Cataguases mostra que Amâncio requisitou em 2005 autorização para vender lanches na Rua Luis Ribeiro, em frente ao Clube Rancho Alto. O local, palco de bailes populares, é conhecido pelos moradores como "Pele e Osso". No endereço que apresentou para registrar o negócio, ninguém sabe quem é o comerciante. O sócio da Qualidade Total teria atuado como ambulante até janeiro de 2006, quando venceu seu alvará. Em outros dois endereços em Minas, Amâncio não foi encontrado.

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